O Brasil é hoje a sétima maior economia mundial, mas ainda está muito distante dos primeiros colocados em rankings de indicadores de extrema importância, como renda per capita, competitividade, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e capacidade de se fazer negócios (relatório “Doing Business”). Com Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 11.339,5 em 2012, segundo dados do Banco Mundial, o Brasil ocupava a 53ª posição na lista de 214 países. No ranking do IDH, o país se manteve estagnado no 85º lugar em 2011, último dado disponível, de 187 países, dentro do grupo dos países de desenvolvimento humano elevado.
Cu$to Brasil: somos e$tupradoS diariamente pelo deSGoverno!!! |
E a competitividade brasileira recuou este ano. Pelo ranking do Fórum Econômico Mundial em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral, o país recuou oito posições, para o 56º lugar, entre 148 países. Entre 2012 e 2013, o Brasil perdeu posições em diversos subíndices, como fatores básicos de competitividade, ambiente macroeconômico, educação superior e capacitação, eficiência no mercado de trabalho, prontidão tecnológica e inovação. Economistas apontam que os indicadores do Brasil nos rankings de competitividade, IDH e “Doing Business” refletem a posição relativa do país no grupo das nações de renda intermediária. Áreas como educação, ambiente institucional e carga tributária são algumas das mais problemáticas no caso brasileiro.
Na Coluna do Rodrigo Constantino, na Veja. Original aqui.
Deu na Folha: Custo Brasil derruba modelo global da Zara
Admirada e citada no mundo todo como um modelo de eficiência na gestão de estoques e na logística, nem a Zara escapou do “custo Brasil”.
A empresa teve que adaptar aqui seus processos que, no resto do planeta, atropelam a concorrência, renovando as prateleiras de 1.770 lojas duas vezes por semana.
Dentre os 86 países em que o grupo espanhol Inditex -o maior varejista têxtil do mundo- atua com a bandeira Zara, o Brasil é considerado o mais difícil. Pior até que a Argentina, conhecida por barreiras aos importados.
O desabafo foi feito por Mauro Friedrich, diretor de logística da Zara no Brasil, em uma reunião com cerca de 30 investidores qualificados num banco, em São Paulo, no início de junho.
[...]
No Brasil, a Zara se tornou uma marca voltada para a classe A, o que reduz o número de clientes e de lojas. É o contrário do que acontece na Europa, onde atinge até as classes mais baixas.
Os impostos e a infraestrutura ruim elevam os custos no Brasil, onde a renda média é menor. Uma comparação entre os preços praticados aqui e na Espanha em peças básicas encontrou diferenças de 11% a 76%.
“O saldo da Zara no Brasil é positivo. A empresa roubou mercado das marcas premium, mas não se transformou numa marca de massa”, diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria GS&MD.
Nada como uma multinacional para dar seu parecer da loucura que é fazer negócios no Brasil. A espanhola Zara conhece cada canto do mundo, pois atua em dezenas de países. Quando diz que o Brasil é o pior deles, a crítica deve ser levada em conta, com muito carinho.
Quem costura viajar, sabe que a Zara é, de fato, loja voltada para o público de mais baixa renda. Menos por aqui. No Brasil virou grife de luxo! Como, aliás, outros casos, tais como GAP e Banana Republic. Até mesmo a Ralph Lauren, que nos Estados Unidos é de classe média, no Brasil vira marca de rico. Custo Brasil.
O jornal GLOBO fez uma grande matéria hoje sobre o assunto, mostrando como somos a sétima economia do mundo, mas muito distante das demais em indicadores per capita. Tudo por culpa do Custo Brasil, dessa enorme dificuldade de se fazer negócios por aqui.
Diz a reportagem:
Pelo ranking do Fórum Econômico Mundial em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral, o país recuou oito posições, para o 56º lugar, entre 148 países. Entre 2012 e 2013, o Brasil perdeu posições em diversos subíndices, como fatores básicos de competitividade, ambiente macroeconômico, educação superior e capacitação, eficiência no mercado de trabalho, prontidão tecnológica e inovação.
Economistas apontam que os indicadores do Brasil nos rankings de competitividade, IDH e “Doing Business” refletem a posição relativa do país no grupo das nações de renda intermediária. Áreas como educação, ambiente institucional e carga tributária são algumas das mais problemáticas no caso brasileiro.
Marcelo Moura, do Insper, coloca o dedo na ferida: “O alerta que os indicadores trazem é que o Brasil não tem uma estratégia clara de crescimento. A sensação é que a estratégia vai sendo definida a cada dia, ao sabor do vento”. Governos populistas só querem saber de estimular o consumo no curto prazo, de olho nas próximas eleições. E, dessa forma, continuamos sem atacar as raízes dos problemas econômicos, o nosso Custo Brasil.
Resultado: baixo crescimento e roupas da Zara consideradas inacessíveis para a maioria dos brasileiros.
Zara muda processo para driblar entraves logísticos no Brasil
A operação da Zara no Brasil é uma verdadeira "jabuticaba" em relação a seu imbatível modelo de logística adotado no mundo todo.
A empresa instalou em Cajamar (SP) seu único centro de distribuição fora da Espanha e vem elevando o porcentual de roupas fabricadas no país. Hoje chega a 40% do mix de produtos.
É bem diferente da estratégia global, na qual toda a distribuição é centralizada e 75% da produção é mantida na Europa -o eixo Portugal, Espanha e Marrocos (que tem fronteira com a Espanha) concentra 50% da produção.
Quase todas as roupas fabricadas para a Zara no mundo, inclusive na Ásia, são enviadas a três grandes centros de distribuição na Espanha. De lá, seguem de caminhão ou avião para 86 países.
Manter a produção na Europa sai mais caro do que fabricar tudo na China, como fazem os concorrentes. Mas a Zara tira a diferença nos estoques baixos e no encalhe mínimo de produtos.
Na Zara, do croqui do designer ao produto na loja, são de duas a três semanas. Os concorrentes costumam definir a coleção com seis meses de antecedência.
Com um prazo tão curto, ela consegue mudar de rumo se determinado modelo, tecido ou estampa não vende bem. As lojas se comunicam diretamente com os centros de distribuição na Espanha.
O Brasil é a exceção. Segundo apurou a Folha, quando chegou ao país, a empresa queria tirar uma roupa da fábrica na Espanha, colocar num avião e entregar nas lojas em São Paulo em três dias.
Só que a infraestrutura ruim dos aeroportos brasileiros e as barreiras aos importados tornaram a tarefa impossível. Daí a necessidade de fazer estoques e criar um centro de distribuição local.
PERECÍVEL
"A mercadoria do fast fashion é praticamente perecível. Se o contêiner ficou parado e a moda passou, não vende mais", diz o consultor Maurício Morgado.
Outro fator que pesou na decisão foi a diferença nas coleções entre hemisférios Norte e Sul devido às estações. O Brasil é a maior operação da empresa ao sul do Equador.
Para reduzir custos, ganhar agilidade e evitar as barreiras aos importados, a rede espanhola também elevou sua parcela de produção de roupas no Brasil
No entanto, encontrar fornecedores no país não é tarefa fácil, e a empresa acabou envolvida em de seus maiores escândalos de imagem. Em 2011, uma fornecedora da Zara foi acusada de manter trabalhadores sul-americanos em condições análogas à escravidão.
Aí é que está o Cu$to Brasil. Nós pagamos a conta!
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